SP — 4.10

Diego Souza Carlos
2 min readNov 10, 2016

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Estação Vila Matilde da Linha 3 — Vermelha da Companhia do Metropolitano de São Paulo — Metrô. 22h10 do quarto dia de outubro. O vagão estava cheio de estudantes e trabalhadores voltando para suas casas após uma terça-feira que registrava uma faceta comum da cidade: a inconstância climática. Calor e frio dançaram com o tempo durante as últimas horas. Sem medo de ser feliz, sol e chuva participaram do roteiro do dia.

Naquele espaço, duas pessoas tinham algo em comum. Eles não se conheciam, estavam de costas entre si. Um garoto negro, barbado, de suéter preto e calça jeans gesticulava sobre métodos de um plano de negócio com o amigo. A garota tinha grandes cabelos castanhos encaracolados sobre sua jaqueta preta. Ela usava óculos e se mostrava indignada com algo ocorrido há pouco com as amigas. Parecia uma mistura de Hermione com Barb de Stranger Things.

Os tênis que ambos usavam, era o que os unia. A única diferença era a centimetragem do famoso modelo de All Star vermelho da CONVERSE.

Em artigo escrito por Gustavo Medeiros Oliveira, “Geração Z: Uma Nova Forma de Sociedade” é dito que o tênis se revela como um símbolo da juventude de pessoas nascidas no final da década de 90 até o presente. Além de que “são tênis confortáveis os quais existem em várias cores e vários formatos, o que influencia para que jovens que estão inseridos em tribos diversas usem-os.”

Segundo o site Follow The Colours, apesar de homens e mulheres gostarem igualmente do vermelho, ambos veem a cor de formas diferentes: as mulheres enxergam mais variações dos tons, que chegam a cerca de 105 catalogados.

A cor também pode significar felicidade, a ideologia política de esquerda ou o amor. De qualquer forma, pode-se encarar como uma coloração forte, carregada. Qual seria a disposição de cada um para ter essa escolha? Teriam alguma afinidade?

Naquele momento, se virassem um pouco, poderiam notar essa coincidência a ponto de se conhecerem e viverem algo — seja um romance, uma amizade ou apenas a troca de algumas palavras pelos acasos da vida.

É curioso não terem percebido suas semelhanças e ainda assim se conectarem por algo tão simples num único espaço físico. Num mundo realista, eles apenas desceram em suas estações e seguiram seus caminhos. Num mundo de possibilidades, aquele em que habitam os românticos e sonhadores, ainda não era o momento de se conhecerem e aquela seria apenas a primeira conexão entre suas histórias.

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Diego Souza Carlos
Diego Souza Carlos

Written by Diego Souza Carlos

Jornalista cultural, criador de conteúdo e social media. Pós-graduando no CELACC/USP. Escrevo sobre cultura pop e estou sempre em busca de novas histórias.

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