Marvel Rising: Secret Warrior é carta de amor à diversidade
Assim como tem feito a Marvel Comics há alguns anos, a direção criativa de todas as divisões da editora (cinema, animações e TV) tem dado carta branca (ou rosa, ou negra) para seus roteiristas e criadores produzirem um material focado na diversidade. Cumprindo a agenda do mercado, é preciso que o entretenimento esteja no mesmo ritmo do capitalismo. Infelizmente, se a inserção não vai pelo amor, vai pelo bolso. Dessa foram surgiram a Miss Marvel, Miss América, o homem-aranha Miles Morales, o jovem e latino Nova, o Hulk de Amadeus Cho, entre outros.
Enquanto existem inúmeros desenhos animados, filmes, séries focadas em heróis homens e caucasianos, a demanda pela diferença étnica e de gênero está fervendo. Se parar para observar as produções nas últimas três décadas perceberá que as protagonizadas por pessoas que não seguissem esse padrão são exceções. Não digo raras, pois ali e acolá elas existem. Mesmo que carregadas de esteriótipos.
Até o início dessa década, entende-se que as grandes cabeças do audiovisual perderam muito tempo e dinheiro, enquanto não abriam espaços para um modelo que não esse. O comodismo adoece o mercado, as pessoas cansam da mesmice e cansam de não se ver nas telas.
Marvel Rising: Secret Warriors surge nessa leva de produções com alternativas diversas de personagens em que não precisamos engolir goela abaixo mais uma aventura do Capitão América ou Homem de Ferro, mesmo que esses novos heróis sejam inspirados nos grandões.
Na animação, enquanto a jovem Miss Marvel e Garota Esquilo tentam se enquadrar no mundo dos heróis, inumanos “recém-convertidos” começam a desaparecer. Um incidente acaba reunindo as duas heroínas com a esquentadinha América Chavez, a a dupla da S.H.I.L.D Dayse (ou Tremor) e Patriota em uma aventura para desvendar o sumiço dessas pessoas.
Kamala Khan, a Miss Marvel que está nos planos cinematográficos da Marvel, sente na pele de inúmeras formas o que é ser julgada apenas pelas suas características. Mulher, muçulmana e agora inumana, ela compra a briga para descobrir o motivo dos desaparecimentos, mesmo que isso custe sua amizade, seus laços e até sua vida.
Assim como ela, América Chavez, a Miss América (precisamos mudar esses nomes hein, dona Marvel), também reúne inúmeras questões que a diferem dos demais. A começar por não ser humana e também, em uma de suas encarnações nas HQs, ser paradoxalmente latina e patriota. Nessa mídia ela tem um temperamento explosivo que é detalhado em um flashback sobre sua origem. Foragida de um planeta sob ataque, suas duas mães a salvam enviando-a para a Terra. Sim, são duas mães. Sem muito alarde ou talvez uma pitada de subjetividade, temos um casal lésbico nessa subtrama. Inclusive, a heroína é gay nas HQs.
Acompanhado pelos complexos de inferioridade pela falta de poderes e a masculinidade frágil do Patriota e os segredos da determinada Dayse, a Garota Esquilo apresenta um show de carisma na tela. Às vezes um tanto insuportável, ela é o elo sentimental de determinação da futura equipe.
Importante como esse tipo de produção, vista em larga escala, pode afetar de forma positiva a industria num todo. Pois além do filme e das HQs que se relacionam, agora, as crianças (ou adultos, né) também tem acesso a brinquedos diversos. Uma gama maior de heroínas que carregam fisionomias, características distintas em que meninos e meninas podem se espelhar. Essa expansão na cultura pop diz muito sobre o que pretende-se criar daqui para frente no entretenimento. Um futuro interessante, diverso e inclusivo.
Guiada pelos laços de amizade e subtramas que ressaltam as diferenças entre as personagens, Marvel Rising é uma sútil carta de amor à diversidade. O roteiro não chega a ser um dos mais elaborados, mas compete ao que se propõe: atrair o público pela representatividade em uma aventura cheia de ação.
A trama ainda ganhou um especial de cinco pequenos episódios focados na história da Gwen-Aranha, ou Ghost Spider, e futuramente terá um especial de Riri Williams, a Coração de Ferro (bem mais legal e autêntica que o Homem de Ferro) de quase uma hora. As garotas vão dominar tudo!
Confira os trailers e não deixe de prestigiar a iniciativa:
Marvel Rising: Secret Warriors
Marvel Rising: Initiation