A grandeza e o legado de Chadwick Boseman

Diego Souza Carlos
3 min readAug 31, 2020

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Na última sexta-feira (28) fomos surpreendidos com a morte precoce de Chadwick Boseman, aos 43 anos. O ator que deu vida ao rei T’Chala nos cinemas se tornou um símbolo de representatividade em todo o mundo ao interpretar com maestria o Pantera Negra, a majestade de Wakanda.

A causa do falecimento de Boseman era desconhecida para a grande mídia e público até então. Em 2016, enquanto Capitão América: Guerra Civil era lançado, o ator foi diagnosticado com um câncer de cólon. Desde então, veio lutando bravamente contra a doença e, mesmo enfrentando a quimioterapia e outros procedimentos médicos, teve a força de gravar mais de cinco filmes e carregar o manto da realeza negra que surgiu desde o anúncio de que seria parte fundamental do Universo Marvel nos cinemas.

Chadwick participou de diversas séries e 15 filmes em aproximadamente 17 anos de carreira. Não interpretou apenas o super-herói da Marvel, como também representou James Brown em “Get On Up”, trabalhou com Spike Lee em “Destacamento Blood” e terá uma estreia póstuma em “Ma Rainey’s Black Bottom”, longa inspirado na peça de August Wilson que conta a história de Ma Rainey, cantora de blues interpretada por Viola Davis.

Para muitas crianças negras, seu rosto sempre será lembrado com muito afeto e como fonte de inspiração, coragem e resiliência. Ver um super-herói que pode fornecer uma identificação natural e construir a noção de ancestralidade é algo que mudou e continuará mudando a vida de muitos jovens.

Em uma matéria sobre representatividade para a população negra no Portal Geledés, a psicóloga Prescila de Fátima Vieira Venâncio afirma:

“…a representatividade entra como fator importante na construção da subjetividade e na identidade negra, onde os negros começaram a conquistar espaço na mídia no meio institucional, na política, na música, filmes que vem sendo inspiração não só para às pequenas gerações, mas a todos os negros.”

Dessa forma, a partir de uma integração maior de pessoas negras na mídia, fugindo de representações problemáticas, a representatividade é um meio potencial e formativo para a construção de pessoas empoderadas que reconheçam o valor e a importância de sua cultura, de sua história. Chadwick é um dos grandes agentes dessa atual conquista.

Para nós, adultos negros e negras, pode-se dizer que ele sempre será um símbolo de resistência, de potência e de significação do sentimento da coletividade negra. Seu rosto, sua força e sua garra serão sempre pontos de partida para que enfrentemos o sistema racista, a injustiça, as nossas batalhas pessoais e também um símbolo de esperança de uma ideia e desejo de que possamos um dia, assim como ele, transformar a vida de quem está ao nosso redor.

Rest in Power, King.

Eu sou Diego Souza Carlos, um jornalista cultural apaixonado por boas histórias, música, cinema e kare.

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Diego Souza Carlos

Jornalista cultural, criador de conteúdo e social media. Pós-graduando no CELACC/USP. Escrevo sobre cultura pop e estou sempre em busca de novas histórias.